Preciso começar dizendo que eu subestimei o Equador. E ele, com toda a calma dos Andes, me provou que estava errada.
Achava que seria só uma parada estratégica entre Peru e Colômbia. Mas aí veio Montañita. E depois Quito, Baños, Tena, Cuenca… Cada cidade me atravessou de um jeito. O Equador é pequeno no mapa, mas gigante no coração. E se você ainda não colocou esse país no seu roteiro, já adianto: tá perdendo coisa demais.
Por que conhecer o Equador?
Porque cabe muita viagem num país tão compacto. É natureza selvagem, cultura viva, história, mar, montanha e selva — tudo isso num bate-volta de ônibus. O Equador é ideal pra quem curte sair do óbvio, gosta de aprender com os lugares e quer viver experiências reais, fora do circuito turístico pasteurizado.
É o tipo de país que não te entrega tudo de bandeja. Mas quando entrega… ah, é inesquecível.
O que fazer no Equador: experiências de outro planeta pra você viver de perto
1. Quito
Quito tem um silêncio cheio de história e um caos encantador nos detalhes: no sotaque dos vendedores de fruta, no dourado exagerado das igrejas, no ar rarefeito que te desacelera. Cada ladeira parece guardar uma história. E cada vista lá de cima me lembrava o quanto eu ainda tinha pra explorar.
Onde fica: região andina, a mais de 2.800m de altitude
- Subir o Teleférico do Pichincha
- Caminhar pelo Centro Histórico (UNESCO)
- Visitar a Mitad del Mundo
- Entrar na Igreja da Companhia de Jesus e conhecer as várias outras igrejas espalhadas pela cidade
- Visitar e subir por dentro do monumento da Virgen María del Panecillo
- Comer empanada com chocolate quente no La Ronda
2. Baños de Agua Santa
Baños é o tipo de lugar que parece calmo de longe, mas que guarda uma energia elétrica. Mesmo quem chega tímido acaba se jogando — seja num rapel ou numa trilha enlameada com vista pra um vulcão ativo. E quando o corpo cansa, a cidade te presenteia com água quente, vista bonita e um silêncio bom.
Onde fica: entre a serra e a Amazônia
- Ruta de las Cascadas (de bike!)
- Balanço do Fim do Mundo
- Termas de El Salado
- Bung jump na Ponte San Francisco
- Cachoeira Pailón del Diablo
3. Tena
Tena foi onde a Amazônia me engoliu. A floresta é viva e cheia de olhos, sons, silêncios. Conhecer uma comunidade Kichwa foi uma das experiências mais potentes que já tive. Me ofereceram chicha, mostraram como moldam o barro e me serviram banana com maionese e peixe na folha. Eu comi tudo. E saí dali diferente.
Onde fica: província de Napo, Amazônia equatoriana
- Rafting nos rios Jatunyacu ou Misahuallí
- Cuevas de Jumandy
- Hospedagem em lodge amazônico
- Assentamento indígena Kichwa: cerâmica, chicha, cultura
- Comer banana assada com queijo, maionese e molho
- Provar o peixe amazônico assado na folha de bananeira (maito)
4. Mindo
Mindo me abraçou com cheiro de chuva e som de passarinho. A cidade tem essa energia de refúgio secreto, como se o mundo lá fora tivesse dado um pause. É úmida, doce e delicada. Tudo parece em câmera lenta — menos o seu encantamento.
Onde fica: floresta nublada a 2h de Quito
- Trilhas na mata com pontes e teleférico manual
- Fazenda de chocolate artesanal
- Birdwatching no café da manhã
- Borboletário mágico
5. Otavalo
Otavalo é um mergulho num Equador profundo, indígena e orgulhoso. Caminhar entre as tendas é quase um ritual. O colorido dos tecidos, os cheiros da comida, os sons do quíchua misturado ao espanhol criam uma sinfonia única.
Onde fica: norte da serra equatoriana
- Mercado indígena Plaza de los Ponchos
- Trilha na Laguna de Cuicocha
- Gastronomia local: mote com fritada
- Oficinas de tecelagem tradicional
6. Cuenca
Onde fica: sul andino, província de Azuay
- Caminhada às margens do Rio Tomebamba
- Catedral Nova com cúpulas azuis
- Museu Pumapungo
- Mirante de Turi
- Chapéus Panamá feitos à mão
Cuenca me ganhou pela elegância silenciosa. Tem algo nela que te convida a andar devagar, reparar nas janelas, ouvir o som do rio. Mas foi no mirante de Turi que entendi de verdade o que sentia: vontade de ficar. Cuenca tem essa cara de lar. Mesmo que seja só por uns dias.
7. Montañita
Montañita foi minha primeira parada no Equador. Fui achando que seria só festa, mas encontrei alma. Tem sim barulho, ressaca e reggae até o amanhecer. Mas também tem um senso de liberdade raro. Ninguém julga. Todo mundo dança.
Onde fica: costa do Pacífico, província de Santa Elena
- Pôr do sol com Club gelada na praia
- Noitadas em bares de areia
- Aula de surfe
- Empanadas e ceviche de rua, que tem diferença com o conhecidíssimo ceviche peruano
8. Puerto López
Puerto López tem cheiro de sal e peixe fresco. Vi uma baleia saltar pela primeira vez ali. A cidade tem esse poder de te lembrar que o mundo é gigante e que a gente precisa parar mais vezes pra simplesmente olhar.
Onde fica: costa do Pacífico, 1h30 de Montañita
- Observação de baleias (junho-setembro)
- Isla de la Plata
- Praia de Los Frailes
- Pratos típicos com peixe e arroz de coco
9. Galápagos
Galápagos não é só uma viagem. É um chamado. Lá, tudo funciona em outro tempo, com outra lógica. Você é só mais um visitante — e é isso que faz tudo ser tão mágico.
Onde fica: arquipélago a 1.000 km da costa
- Snorkel com leões-marinhos
- Los Túneles, Ilha Isabela
- Centro de pesquisa Charles Darwin
- Tartarugas gigantes e atobás de pés azuis
10. Guayaquil
Guayaquil é barulhenta, quente e cheia de contraste. E por isso mesmo é apaixonante. Tem cor, tem música alta, tem caos. Mas tem coração, ainda que um tanto conhecida pela violência.
Onde fica: costa, principal cidade portuária
- Caminhada no Malecón 2000
- Escadarias de Las Peñas
- Parque das Iguanas
- Café da manhã com bolón de verde
Roteiros sugeridos
Roteiro de 5 dias
- Quito (2 dias)
- Baños (2 dias)
- Otavalo (1 dia)
Roteiro de 7 dias
- Quito → Mindo → Otavalo (3 dias)
- Baños (2 dias)
- Tena (2 dias)
Roteiro de 12 dias
- Montañita (2 dias)
- Puerto López (1 dia)
- Cuenca (2 dias)
- Baños (2 dias)
- Tena (2 dias)
- Quito (2 dias)
- Galápagos (3 dias se der – sim, vale o extra)
Como me locomover entre os destinos no Equador
Quito → Mindo: ônibus direto (2h)
Quito → Otavalo: ônibus direto (2h30)
Quito → Baños: ônibus via Ambato (3h30)
Baños → Tena: ônibus regional (3h)
Baños → Cuenca: ônibus noturno (7h)
Cuenca → Montañita: ônibus via Guayaquil (6–7h)
Montañita → Puerto López: ônibus local (1h30)
Quito/Guayaquil → Galápagos: voo (2h)
Outras dúvidas frequentes sobre o Equador
Melhor época para visitar?
Junho a setembro é seco e ideal pra trekking e Galápagos. Dezembro a maio é mais quente e úmido — ótimo pras praias.
Brasileiros precisam de visto?
Não. Basta RG ou passaporte válido.
Qual a moeda?
Dólar americano (USD).
Idioma falado?
Espanhol. Em regiões turísticas, falam inglês básico.
Como chegar?
Voos do Brasil com conexão no Panamá ou Bogotá.
É seguro?
Sim, com precauções básicas. Atenção maior nas grandes cidades.
Rápidas curiosidades sobre o Equador
- O ponto da Terra mais próximo do espaço fica no Equador: o vulcão Chimborazo.
- Galápagos inspirou Darwin com suas iguanas e tentilhões.
- A bebida típica indígena “chicha” é feita de mandioca fermentada (e cuspida, em algumas versões tradicionais).
- O chapéu Panamá, na verdade, é equatoriano.
- Quito foi a primeira cidade do mundo a ser declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Voltei com o coração bagunçado. E espero que você volte assim também.
O Equador é pra quem topa se perder. Nas trilhas, nas feiras, nas florestas, nas praias. É pra quem aceita trocar conforto por encantamento. Voltei com barro na mochila, folhas nos bolsos e uma saudade que ainda não sei nomear. Mas sei que, um dia, eu volto. Porque o Equador não acaba — ele fica.